Rio de Janeiro: São os Políticos “cafetões”?


Sim, estou me atrasando, estou no Centro, preciso chegar à Zona Sul antes da chuva que implantou nas pessoas o hábito de fechar seus escritórios ao primeiro sinal de trovoadas. A cidade parece insistir em permanecer molhada. A qualquer manifestação cinzenta das nuvens, é sinal de neura e pânico, quem ainda não saiu de casa, em casa fica. Quem está na rua se desespera.

As autoridades culpam a população de baixa renda, quase que num tati-bi-tati de “morreram porque quiseram”. Afinal, as favelas deixaram de existir. Nossas autoridades acabaram com todas as favelas do Rio de Janeiro, quiçá do Brasil, ao instituirem o substantivo-substituto: CO-MU-NI-DA-DE. Ora bolas! Já foi dito pra esse povo que eles não deveriam morar morro acima, logo, se insistem, estão sabidamente se pondo risco! Por outro lado, o caminho dos morros são pelas autoridades conhecidos e para lá eles se dirigem a cada 4 anos… Se neste período a cidade enche, a favela desaba e pessoas morrem, a culpa é do povo que entope ruas e rios com seus lixos. Se os barracos caem a culpa é do povo que os constroem à moda cacete.

O povo é burro e desinformado, sentindo-se plenamente feliz com suas parabólicas, tevês a gato clandestinas e acessos piratas à internet, pífios patrimônios constantemente em risco… Tudo isso porque o povo não tem educação!

 O raciocínio simples seria que o povo não é educado porque é mal escolarizado. É mal escolarizado  porque as escolas são insuficientes e deficientes. As escolas, ineficientes e deficientes carecem de professores que por sua vez são mal pagos, maltratados, desrespeitados, desestimulados e agora, na mais recente geração, despreparados.

A grande pergunta é,  de quem é a culpa por toda essa deficiência educacional que culmina na ignorância social que alimenta a arrogância política?

Leio nos jornais que o Rio de Janeiro passa pela tragédia dos desabamentos porque tem uma cadeia de montanhas rochosas, cobertas por uma fina camada de terra que não é suficiente para sustentar as péssimas estruturas de péssimas moradias ali plantadas. Ok! Então inundações e desmoramentos são privilégios cariocas? hanhan…

Li num twitter que o povo tem culpa da calamidade chuvosa, pois o amigo twitteiro viu uma geladeira boiando num canal… Será que a geladeira foi jogada ao rio ou teria a enchente no seu terceiro dia, subtraído a geladeira de alguma moradia?

São questões extremamente difícieis de se responder, parece a propaganda antiga do biscoito. O que não pode deixar de ser lembradoé  que a bela Cidade Maravilhosa com suas formas sinuosas e relevos femininos encontra-se maquiada ao longo dos anos, mas seus trajes íntimos estão em péssimas condições, o que não inibe seus aproveitadores de a sexualizarem assim mesmo,  extorqui-la  mesmo assim, à feição dos antigos cafetões.

A cidade vem ao longo dos anos perdendo prestígio, perdendo incentivos, perdendo moral e credibilidade, sendo sucateada e difamada. O grande erro talvez, seja sim do povo, que sem elementos culturais e educacionais mantem-se no erro do voto, na alegria de viver, na passividade de sobreviver…

Que me desculpem os sensíveis e bem nascidos, mas realmente a metáfora que me ocorre é que o Rio de Janeiro, ex-estado-da-Guanabara, ex-sede-do-governo-federal, ex-capital-do-Brasil-Colônia, ex-casa-de-banho-de D.João VI, ex-sede-das-competições-automobilisticas, atual-coadjuvante-do-carnaval, é uma prostituta que  se recusa a enfeiar e enquanto existir o pensamento machista-elitista-aproveitador-cafetônico dos nossos políticos e autoridades, nada vai mudar. Irá de doença em doença, a cada mau trato sofrido, dizimando-se, definhando-se, incapaz de abandonar seus algozes. 
#prontofalei!